O Avesso do Verso

Em silêncio minha alma anda inquieta, quem sabe os motivos de sua inquietação se não ninguém mais que os olhos dos céus, que pairam por sobre os segredos todos, desnudando os desejos de um coração. Mas como esconder um amor dentro do peito, se na sombra dos sonhos ele quer pulsar, gritar pelas veias abertas do coração que bate enlouquecido em apenas perceber a presença do amor que inquieta. Porém, a razão esconde para não ser percebido, para não se deixar ver no momento em que os segredos ainda não devem aparecer. Então como aquietar o desejo incontrolável de gritar que o amor bate com força num peito tão perto dos olhos de quem se ama. Como não deixar escapar um olhar, um sorriso sem denunciar o amor que se guarda no silêncio. E nessa inquietação os dias se escondem por entre os versos que andam de braços com a noite, onde os gritos do coração ecoam num silêncio profundo o amor que não pode ainda se revelar! E minha alma segue o brilho quieto dos olhos nos céus adormecendo na noite ma...

Hoje é um tempo diferente, onde meus olhos nem sempre encontram o belo, o delicado, a simplicidade do horizonte com o sol a se pôr. Não achei hoje as marcas do que sempre regem os dias normais do ser, do nosso inconstante ser. Abri os olhos para um lado que muitas vezes não quero enxergar, procuro não estender meu olhar, mas hoje há algo diferente em meus olhos. Vejo um rosto triste, machucado pela dor, transfigurado pela fome, angustiado e perdido como quem anda sem rumo, por não ter nada a ganhar ou perder. E vi o olhar de Deus ali... E um dia me disseram que Jesus era um homem de olhos azuis, cabelos com caixinhos dourados e uma pele quase rosada de tão perfeito que era. E então, andei vendo esse Jesus em meus olhos, como se fosse um quadro perfeito. Mas, hoje me deparei com um Jesus, magro com fome, com sede, sem perspectivas, sem planos, e andando em terras secas, como quem não pode frutificar. E esse modelo de Jesus me incomodou, não consegui olha-lo sem senti...

Porque sempre andamos em busca do inesperado, na tentativa do encontro perfeito, da vida sonhada, sem muitos mistérios ou dores as quais não podemos resolver. Porque os caminhos aos quais escolhemos nem sempre nos movem para o lado correto, ou mesmo o mais tranquilo, sempre nos colocamos num risco natural, de acertar ou não. Mas o que seria das escolhas se não tivessemos a chance de andar com nossas próprias pernas, como seria tentarmos andar segundo a vontade de outros para realizar vontades e sonhos que não fossem os nossos. Seria como estar num grande jardim e não saber por onde começar a cultivar, que flores poderiamos semear, se não está em nosso coração a escolha, se não pensarmos em como podemos nos dispor para a semeadura do grande jardim de Deus. Como será estar no grande jardim se apenas olhamos sem regar a folha, sem cuidar do fruto, sem ver brotar a flor! Como ser parte do grande jardim de Deus se não abrimos a terra para a fertilização, como ser parte da colheita se n...

Do que fala meu coração? já não sei ao certo, por muitas vezes grita um grande carinho, será por medo? ou pelas incertezas que invadem os momentos, no olhar. Por vezes, melhor não querer invadir o peito, quem sabe as marcas ainda não cicatrizaram e por isso mesmo, escondem-se por trás dos olhos. Mas como podem esconder-se, quando a fala do que se tem presente é o querer se ver, procurar o estar perto, e mesmo assim evitar, disfarçar o olhar, e simplemente sair. Mas, até quando? não sei ao certo, já que nem meu peito, mesmo responde mais por seus batimentos, acelera enlouquecido, com a tua simples presença. Perde a noção, meu pobre coração quando chegas, e se falas então; mas inquieta fica minha alma, por causa de ti. Então, porque não dizer, não gritar aos quatro ventos, o que sente meu coração, se meus olhos já dizem que eu nada posso mais esconder; não sei bem ao certo. E por isso, vou permanecendo em silêncio, deixando que se inscreva na alma o amor que se transforma por ti, acalent...

Nenhum de nós pode programar a vida como linha reta, imutável, inflexível ... A cada instante as surpresas irrompem e temos de ter humildade e imaginação criadora para ir salvando o essencial através do inesperado de cada instante". (Dom Hélder Câmara) É necessario ter essa imaginação criadora, que vá salvando o essencial, em cada instante onde o inesperado, vai tomando forma na minha vida. E as situações com as quais me deparo, me colocam de frente, com minhas limitações, com o que posso ou não aguentar, onde vou ou não conseguir prosseguir. E nessa fase de peregrinação em minha alma, esse mergulho profundo em minha vida, venho retirando os entulhos, os lodos que se formaram ao longo do tempo, e o interessante é perceber que o trabalho de Deus em mim, já me fez arrancar muito do que não me fazia bem. E dentro desse meu momento de mergulho, venho encontrando exemplos, que tenho visto como essenciais. O pensamento do D. Hélder Câmara, o qual achei no blog do Rev. Fernando, caiu com...

Fico olhando pra você, da forma em que posso imaginar o que tenha sido tua dor, o massacre de tua carne, a dor de tua alma, teu corpo machucado. E me pego a pensar nisso, diante de uma situação em que a revolta faz com que meu coração se angustie, com que minha ira, se volte contra quem me fez um mal. E por incrível que pareça, me pego a pensar no teu sofrimento, nas chicotadas que dilaceraram tua carne, que fizeram teu sangue correr em teu corpo, e mesmo assim olhaste com misericórdia, pedindo ao Pai que os perdoasse. Embora te ame tanto, não consigo ter essa nobreza, essa tua santidade, não consegui alcançar. E odiei os que me fizeram mal, os que ameaçaram a vida de meu filho, chorei tanto e não consegui ter a tua grandeza, a tua benevolência, a tua misericórdia. Sou pequena demais, e meu coração humano, ainda não aprendeu a não odiar, a não desejar o mal aos que me fazem mal. Te peço perdão todas as vezes em que não consigo ser uma pessoa melhor, em que não consigo ter a misericórdi...

Como folhas secas caem, assim muitos dos nossos sonhos também viram folhas, e como elas também secam, e caem. E por vezes saem desmontando todos os nossos ideais, como se não tivessem visto que seriam importantes acontecerem. E saem abrindo feridas causando dores, abrindo o coração em pedaços, dilacerando a alma, num trajeto impetuoso como um furacão em fúria, que termina em terra, como se bastasse apenas chegar de um modo qualquer. E refazer os galhos, para deles brotarem novas folhas leva-se um tempo minucioso, muitas vezes folhinhas pequenas se perdem em meio a outros galhos, que vão engolindo os pequenos segundos que se tentam refazer uma folhagem mais forte. E assim feito folhas nossos sonhos vão se remontando, se desdobrando para atingir o auge de poder crescer novamente, em outro momento, em outras esperanças, em outros terrenos mais frutiferos. E como o coração é um terreno extremamente fértil, lá estará ele novamente, semeando a terra, regando a semente que jamais se cansa de...