Abrindo a caminhada!
Politicamente entrei no movimento feminista há 5 anos, quando conheci minha amiga e companheira de lutas Daphne Ferrão.
Sim, falo politicamente porque é assim o movimento feminista, é um ato de lutas políticas das mulheres e pelas mulheres, todas inclusive as que não se veem como mulheres feministas.
É antes de tudo um movimento de enfrentamento as divisões de classes, formato este que tem aprisionado por anos tantas mulheres, a luta de classes é sim um dos maiores eixo desse sistema patriarcal, que o movimento feminista vem combatendo durante todo seu histórico de lutas.
Mas, voltando um pouco na minha caminhada, sempre tive o espirito livre, sempre bati de frente com os tais padrões sociais, que estabelecem qual o lugar de nós mulheres. E eu aos 10 anos de idade já andava na contra mão desse tal padrão.
Eu era uma menina que minha mãe chamava de Joãozinho, que me dizia direto que não sabia porque eu não tinha nascido homem.
E o que fazia minha mãe não aceitar por exemplo, que eu nunca gostei de bonecas, de casinhas, de "brinquedos de menina", na minha infância essa divisão era a regra básica e fundamental.
Meninas brincam com meninas, os meninos podem jogar bola na rua, e se voltasse apanhado, apanhava de novo pra aprender a ser homem. Frases e situações corriqueiras de minha infância.
Se eu obedecia? lógico que não! e isso foi a porta de entrada pra todas as surras que levei de minha mãe, pra aprender a me comportar como uma menina educada e de família.
Deu certo? Não! Me tornei aos 21 anos de idade a puta da família, já que havia engravidado, e não aceitei o casamento imposto por meu pai, fugi de casa grávida de 3 meses.
Duas decisões na minha vida, que me trouxeram hoje pra mulher que me tornei, a primeira foi mandar se lascar o pai dos meus filhos (sim, eu estava grávida de gêmeos), quando essa criatura veio me impor o aborto, e eu já havia decidido que teria meus filhos. A segunda decisão, foi quando meu pai chamou meu ex- namorado, e juntos decidiram que eu casaria em 1 mês, disse um não bem sonoro, e fugi de casa.
Na minha mente livre não cabia, as decisões de outras pessoas sobre minha vida, ao fugir fui acolhida por minha tia de alma, tia Maria, que não era minha tia de sangue (como se diz por ai). Eu me inspirava nela, mulher forte, firme em tudo na vida, independente, livre, como um dia eu queria ser, foi minha primeira deusa feminista.
Meus filhos nasceram em fevereiro de 1985, foi um divisor de realidades em minha caminhada, e dai pra frente as lutas passaram a ser por mim, por eles, e por todas as mulheres que comecei a encontrar no caminho.
Hoje tenho 55 anos, 6 filhos, muitos outros de coração e muitas mulheres irmãs de mãos dadas comigo.
Sim meu bem, eu sou feminista!
Sim meu bem, morrerei lutando por uma sociedade justa e digna pra todas e todos!
beijos feministas,
Ailza Trajano
Caruaru, 17 de Janeiro de 2019
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