Normal



Então, vamos  falar  sobre ser  liberal!
Você  me  diz  que  sou  liberal,  que  não  vejo  as   coisas   de  acordo  com  o  que  se  aplica  no  normal  da  vida.
Ai  te  pergunto:  o  que  é  o  normal?  Não,  a  pergunta é  o  que  é  o  normal  da vida?
...
Normal  é  a forma  como  encaro  de  frente  os acontecimentos  no  meu  cotidiano, é  a  forma  como  falo  com  meus filhos  sobre  experiências  de  vida,  nesse  caso  as  minhas, pois  as  deles  essas  só  a  eles  pertencem, exponho  meus  erros  e  vacilos  pra  que  eles  não  cometam  a  mesma  besteira  de  errar  exatamente  onde  errei.
Mas, ainda  não  consegui  te  responder  não é?  Vamos  tentar!
Sou liberal por falar  sobre  sexo,  religião, politica, drogas  e  rock’roll,   na  mesa  da  cozinha, que  mais  parece  um  confessionário,  pois  é  justamente lá  onde  se  contam  as  mágoas, tristezas, frustrações  e  alegrias.
É  na  mesa  da  cozinha onde  falamos  sobre  tudo, sobre  quem  come  quem,  ou   quem  dá  a  quem,  e  como  se  deve ou  não fazer,  ou  se  portar diante  de  determinadas  situações, é  simples  essa  é  a  forma  como  nossos  filhos  falam é  esse  o  dialeto. Tá  escandalizado?  Tá  achando  um  absurdo?
Pois  eu  digo  o  que  é  absurdo!
Absurdo  é  não  ensinarmos  a  nossos  filhos  a  não  ter  barreiras  conosco,  absurdo  é  não  darmos  a  eles  a  liberdade  que  na  nossa  adolescência e  juventude  sonhamos  e  brigamos  tanto  por  ela,  absurdo  é  mantermos  uma  moral  hipócrita dizendo  e  apontando  o  certo  e  o  errado,  quando  até  hoje   nós  ainda  cometemos  erros.
Absurdo  é  não  termos  a  coragem  de olhar  nos  olhos  dos  nossos  filhos  e  dizermos  a  eles o  que  nos  amedronta,  o  porque  de  não  permitirmos  algumas  coisas  para  eles,  e  apenas  proibimos com  o  argumento de  sou  sua  mãe,  sou  seu pai  obedeça!
É  não  sabermos  dialogar,  mostrando  como  a  vida  pode  ser  cruel  se  as  escolhas  que  fizerem estiverem  colocadas  de forma  desajustada,  se  não  tiverem  um  objetivo real  do  que  querem  e  o  que  pretendem  com  isso.
Absurdo é  simplesmente  rotular  o  que  não  queremos  para  nossos  filhos  como  errado, o  que  sai  do  nosso  controle  de  pais  possessivos   não  condiz  com  o  certo  então  o  melhor  é  condenar,  é  proibir.
Então  se  para  você  sou  liberal,  sou  sem  limites  simplesmente  porque  pra  mim  tudo  é  consequência  natural  do  aprender,  do  vivenciar  do  experimentar e principalmente  do  partilhar. Então  eu  sou  liberal!

Sou  liberal,  por  acreditar  que  não se consegue  mostrar  ao  outro  um caminho  que  acredito  ser  bom,  se para  ele  eu  apenas  aponto  e  digo  que  tem  que  ser  assim,  por  é  assim  que  quero,  é  assim  o  certo.
Sou  sem  limites pois  acredito  que  o  limite  quem  faz  é  cada  um,  o  meu  limite  jamais  será  igual  ao  de outro.
Acredito  sinceramente  que  minha  experiência  de vida  em  algum  momento  com  meu  erro  ou  meu  acerto  servirá  de  exemplo ,  para  os  meus  filhos  ou  para  alguém  próximo  a  mim  ou  não;  pois  acredito  verdadeiramente  que  essa  é  uma  de  nossas  missões  enquanto  pessoas, nossas  vivências podem  ser  olhadas  como  um  alerta,  como  um  ensinamento sem  precisar  proibir,  sem  precisar  rotular  de  pecado  ou  de  erro,  será  apenas  uma  grande  lição,  de que  cada  escolha  que  fizermos  terá  sempre  uma  consequência,  então  a  pergunta  será:  meus  filhos  vocês  estão prontos  pra  segurar  e  assumir  o  bônus  ou  o  ônus  das  suas  escolhas?
Eis  a  vida:  você  faz  suas  escolhas,  você  colhe  seus  frutos,  bons  ou  maus isso  será  o  seu  caminhar,  a  sua  semeadura é quem  dirá  se  suas  sementes  produzirão  bons  frutos  ou  se  secarão  antes  mesmo  de brotar.
Então,  eu  te  digo  sim  eu  sou  liberal!
Porque    consegui  entender  que  educar  não  é  dominar,  que  amar  não  é  tornar  escravo,  que  respeitar não  é  ter  medo, que  por  limites  não  é  castrar,  por  limites  é  abrir  a  janela  da  liberdade, mostrar  o  grande  voo que  meus  filhos  podem  abrir, sabendo  que  a  liberdade requer  muita  responsabilidade, pois  da  nossa  liberdade geramos  a  liberdade  de  outros,  e  a  partir  dai  gera-se  um  elo  maior  entre  liberdade-respeito –responsabilidade  e  amor.
Sim,  eu  ensinei  meus  filhos  a  terem  liberdade,  abrirem   seus  voos,   e  os  ensinei a  respeitarem  suas  vidas  e  suas  escolhas pois é  destas escolhas que  eles  terão do  que  se  orgulharem  ou  se arrependerem, os  ensinei  principalmente a  se  respeitarem como  seres que  produzem  o  bem, pois a partir  dessa  essência é que  eles terão a  certeza dos  frutos  que  colherão.
Ensinei que  ser  livre  não  é  tudo  poder  fazer, é  saber  usar  da  consciência  e escolher  o  que  lhes  convém sem  perderem-se nas  voltas  da  vida,  para  que  assim  não  sejam aprisionados  em  sofrimentos que  talvez eles  não  saibam  como  curar.
Ensinei  principalmente que  serei  sempre  o  ninho,   a  casa,  o  abrigo, nessa  ou  em outra  dimensão!

Mas,para   fechar  meu  breve  desabafo,  relato  algo  que  escutei  certa  vez  em  uma  conferência  na  
faculdade,  que  foi  uma  citação  sobre  exemplos:

"Certa  vez  uma  mãe  dirigiu-se  a  Gandhi e  pediu  a  ele  que  falasse  com  seu  filho para  que  ele  parasse  de  comer  açúcar,  pois  ele  sofria  de  uma  doença  que  o  açúcar  o  prejudicava. Gandhi olhou-a  e lhe  pediu  um  prazo  de  uma  semana  para  falar  com o  menino,  ela  perguntou  porque,  ele  respondeu:  para  falar  com  ele  e  pedir  para  que  pare  de  comer  açúcar,  eu  primeiro  preciso  parar  de  comer."

Ou  seja: Exemplos sempre! 


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